(Palavras escritas em Nov/2011...)
sábado, 28 de abril de 2012
It's a Hard Life
(Palavras escritas em Nov/2011...)
domingo, 20 de novembro de 2011
Fall, Crash and Burn
- Hey! Tu aí, pára!
- Que querem de mim? – perguntou em tom desconfiado tentanto parecer confiante enquanto ocultava o medo. Olhou em volta. As ruas estavam desertas e só então se apercebeu que tinha sido seguido até ali. – Quem são vocês?
- Não precisas de saber quem somos. Só precisas de saber ao que viemos... Temos contas a ajustar.
**********
[Voz-off a relatar o jogo]
- E o árbitro deu agora o tempo de compensação: 2 minutos ainda para jogar! 2-3 aponta o marcador. A equipa Cinza ainda acredita na possível recuperação...
E D, o nº7 da equipa Cinza recebe a bola num passo fenomenal do nº10 da equipa... D corre para a baliza, pode fazer o golo, pode ser a última oportunidade da equipa de empatar e seguir para o prolongamento... passa a bola ao nº5 deixando o defesa lateral esquerdo da equipa Prateada para trás, recebe novamente a bola, dirige-se para a baliza e......
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O pânico espelha-se no seu rosto. O “gajo” que o parara encontrava-se agora a uns 20cm e na sua mão um bocado de espelho partido e pontiagudo era-lhe apontado tocando de leve a sua camisa negra. Podia ser uma faca, ou um vidro, ou qualquer outra coisa, mas era um bocado de espelho partido onde se pôde ver a si próprio e, com ar horrorizado, previu o que viria a seguir.
- Não me façam mal, por favor, digam o que querem de mim, mas por favor, não me façam mal!
E sem se aperceber o outro “gajo” que ainda não tinha dito uma palavra aproximou-se por trás impedindo-lhe a fuga.
O primeiro inclina-se e sussurra ao seu ouvido:
- Esta é uma mensagem do passado...
E sentiu a lâmina contra o seu abdómen 1, 2, 3 vezes...
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- FALTA! Que entrada tão perigosa e dentro da grande área! D está deitado no chão agarrado à coxa direita enquanto a equipa de paramédicos se dirije rapidamente ao local. O árbitro não tem qualquer dúvida e dá cartão vermelho directo ao capitão da equipa Prateada marcando grande penalidade a favor da equipa da casa.
D levanta-se devagar e parece, aos poucos recuperar-se. Confiante no seu pé esquerdo pede para marcar a grande penalidade!
Esta é mesmo a última oportunidade da equipa Cinza para levar o seu sonho adiante e, ao fim de 4 anos de luta, conquistar finalmente o título de campeã!
Vamos lá, coragem! Depois do remate o árbitro apitará para o final dos 90min. Esta é a oportunidade de prolongar o jogo e lutar para vencer o campeonato...
E D dirige-se à bola, olha para a baliza, prepara-se para rematar........
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Está sem ar para respirar, nos seus olhos a dor e a agonia...
- Ainda não acabei... * 4... profundo e lento* esta é pelo presente *e 5, bem junto do coração* e esta, pelo futuro que não terás...!
Caiu no chão com os olhos vidrados e viu-os afastarem-se.
- Hey! Ele ficou mesmo mal... Não podemos ir sem chamar uma ambulância!
- Faz o que quiseres. O que eu tinha a fazer, já fiz.
E desaparecem os dois.
Sentiu as suas roupas molhadas, mas... não havia chovido. Aquela poça não era água da chuva.
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E o guarda-redes defendeu! É a festa da equipa Prateada! A equipa vai ao rubro enquanto os jogadores Cinza caem de joelhos no relvado desesperados... acabou a esperança...
É de facto lamentável ao fim de tanto esforço, tanto acreditar e tanto lutar, a equipa Cinza perder assim o campeonato. Era justo, era merecido, mas a vida é assim... Os Prateados são os campeões de mais uma temporada e aqui termina a nossa emissão com os parabéns ao campeão oficial desta temporada.
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O telemóvel vibra e num último esforço pega-o. Os olhos brilham ao som daquela voz:
- Duarte, desculpa não poder estar contigo agora, já sei o que aconteceu e queria dar-te um abraço... vais ver que da próxima conseguirás... estás bem?
E sorrindo entre lágrimas feliz por ouvir a tua voz, respondeu apenas:
- Estou... - e adormeceu.
domingo, 6 de novembro de 2011
Diálogos VII
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Inconstância do incompreensível
Não percebo este misto de felicidade, mágoa, dor, prazer e saudade. Deixa-me gritar e sair daqui, deixa-me sair desta bola de vidro. Porque me prendes?? Olha nos meus olhos e lê o que sinto porque já não consigo dizê-lo em palavras e as palavras soltam-se sem rumo ou direcção, sem nexo e sem razão.
Passas de um lado para o outro e não passas e não estás lá. Turbilhão que anda à roda deste tempo que corre sem parar. As páginas soltam-se e voam com o vento e tudo passa diante dos meus olhos. Não consigo fazer essa pausa. Ansiedade corrói e não dá descanso. Acredito em notícias passadas de um futuro não real e espero pela concretização de promessas sonhadas.
Larga a minha mão e deixa-me vaguear. Não sei para onde vou e não sei se quero saber. Confortável neste caminho mas fugindo de um passado sem sentido que persegue e tenta alcançar.
Persegues-me para que não me percas de vista e para que eu possa morrer e renascer cada vez que olhar para ti. O que quero está ao meu lado e à minha frente, não atrás. Não vou mais fugir de ti, mas manterei distância para que não me acerques novamente.
Toca-me mas não fujas, fica aqui a partilhar o silêncio comigo, porque o silêncio e as trocas de olhares também são formas de falar sem palavras. Não preciso de te dizer o que sinto.
Envolto em águas cristalinas me deixo ficar porque estou bem aqui. Enquanto espero por aquele destino que se apressa a chegar.
Período de decisão e mais tarde mágoa, dor e traição para uma nova vida da Fénix e o consolidar de aprendizagens ainda por adquirir.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Caixa de Pandora II
"Então, já desististe?" disse uma voz familiar.
"EP...!" - exclamou atónito e tomado de um terrível misto de tristeza, raiva, nojo, dor e angústia - "Ganhaste. Espero que estejas feliz agora..." [Aperto no peito. Vontade de arrancar de si aquele coração cheio de mágoa venenosa que o consumia e destruía a cada segundo.]
"Sabes, acho que nunca percebeste o verdadeiro propósito da minha existência. Eu não sou teu adversário. Sou apenas uma parte de ti que sabe um pouco mais sobre o que te espera."
De joelhos no chão, mãos na cabeça, confuso e tomado de desespero enquanto os seus olhos turvos de lágrimas o cegavam, respondeu-lhe a meia voz e sem o olhar nos olhos - "Não entendo o que fizeste ou porque fizeste isto comigo... Eu não merecia... Deixa-me! Não me toques! Estou demasiado ferido para me conseguir levantar. Deixa-me em paz! Estou morto. Morri."
"Eu vejo o que tu não queres ver. Eu obrigo-te a lidar com o que teimas em deixar de lado. Eu desafio-te para que possas crescer. Eu não te destruo, apenas te ensino, para que te tornes mais forte. Abri a tua pequena Caixa de Pandora, para que possas lidar com cada um dos medos e resolver cada questão deixada a meio. Agora dói, mas precisas de ser forte para que estejas preparado para o que há-de vir. Tens contigo a Esperança. Usa-a."
"Como ousas falar-me na Esperança se estou destruído?! Feito em pedaços. Desfeito...! Vês o meu corpo? Feito em pó!... Como esperas que se levante??!" gritou tomado de raiva e desespero.
"Tens razão, ele não se erguerá por si só... Mas sabes, não tens que te levantar sozinho... Houve algo que tu não viste... Vem até aqui e olha lá para baixo."
Limpou as suas lágrimas e a visão deixou de estar turva, olhou para o seu corpo e rendeu-se perante a imagem que o tomou... À volta do seu corpo estendido e semi-morto estavam vários anjos sem asas, de mãos estendidas e olhares de compreensão, prontos para ajudar a curar as feridas e reconstruir a sua alma quebrada...
(palavras escritas a 10/Jun/2010)
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Caixa de Pandora I
Estava só, perdido e incapacitado. Começou a chorar num misto de desespero e angústia. Não sabia o que se passava, porque estava tão triste ou sequer o que acontecera. Sabia apenas que... não, não sabia nada.
Deitado naquela terra escura, encolheu-se sob si próprio como se quisesse comprimir-se até desaparecer.
Um relâmpago rasgou os céus negros e imediatamente começou a chover com grande intensidade. A terra tornou-se lama e ele desejou fundir-se com ela.
Confuso, perdido e sem esperança. Vazio. Morto. Apagado por fora, destruído por dentro. Achou-se merecedor do sofrimento e da dor e ali se foi deixando ficar.
Vergonha. Dor. Culpa. Agonia. Culpa... Culpa.
E entre lágrimas adormeceu.
(palavras escritas a 8/Jun/2010)
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Diálogos V
- Hmm, acho que mais uma vez não estou a conseguir perceber a figura… Humm, aquela peça vai encaixar aqui e aquela ali. Sim, encaixa e acho que faz sentido. – Parou para olhar à sua volta. - Tantas peças ainda por encaixar… Nem percebo o que esta é! Nem esta! =S – Exclamou pegando numa e depois noutra.
- Estavas a falar comigo?
- Não, estava a falar comigo.
- Que estás a fazer?
- A montar um puzzle. – Respondeu sem sequer olhar para cima.
- Estás a conseguir?
- Não sei. Não sei se tenho as peças todas e, às vezes, nem percebo se algumas pertencem aqui ou a outro puzzle qualquer. Achava que estava a perceber a figura, mas acabei de encontrar peças que não encaixam… Não entendo – Disse confuso e de testa franzida. – Quase parece que não fazem parte do mesmo jogo…
- Qual achas que é a figura?
- Primeiro pensei que fosse uma rosa, depois pensei que pudesse ser um coração, pensei também que pudesse ser um céu com estrelas a brilhar, a certa altura fixei-me na possibilidade de ser um par de namorados a olhar o infinito, cheguei até a ver um menino a chorar… Mas neste momento não consigo sequer pensar o que possa ser… - Suspirou. - Não sei. As peças são demasiado pequenas para perceber com clareza sequer os traços nelas contidos e algumas delas mudam de forma e cor, mesmo depois de encaixadas. Fica sempre a dúvida… - Disse desencaixando uma das peças para a colocar novamente de lado. - Não sei sequer se algum dia o completarei. Acho que conseguirei fazer pequenos conjuntos ter sentido, mas não sei se conseguirei juntá-las todas. Aliás, acho mesmo que nunca o conseguirei fazer… tenho medo de só estar a ver o que quero ver… Afinal não consigo entrar dentro da cabeça das outras pessoas…
E continuou, olhando ora para as pequenas peças em seu redor, ora para o que tinha montado.
- Sabes que ninguém consegue a descentração completa de uma figura à qual pertence… E quem está de fora, muitas vezes, não tem as peças todas. Mesmo quando olha com atenção acaba por misturar-se no puzzle e é mais um que se junta gerando mais uma quantidade de hipóteses e figuras possíveis.
- Então estaremos nós condenados a ver apenas uma pequena parte da figura e nunca compreendê-la completamente como um todo?
- Provavelmente.
segunda-feira, 22 de março de 2010
Noto cada movimento teu…
Quero ir até onde estás
Mas meus pés estão fixos no chão.
Os olhares cruzam-se
E voas até mim…
Sonho,
Ansiedade,
Felicidade,
Medo aterrador!
Não me consigo mexer,
Hipnotizaste-me e prendeste-me!
E daqui não consigo sair…
E daqui não quero sair!
Não vejo mais nada à minha volta
Está tudo distorcido,
Só te vejo a ti
A dançar em câmara lenta
Ao som da música que toca baixinho…
Que fizeste comigo?
Estou incapaz de movimento algum…
Dominaste-me sem uma palavra
Como é isso possível?
O teu rosto escondido
Não me deixa alcançar-te
Tens a cara tapada
Não sei quem és!
Revela-te e dá-me a mão...
Desprende-me e dançarei contigo…
Ou então mantém-me aqui
E não me deixes acordar,
E ficarei a ver-te assim
Pedindo para a música não acabar…
(Palavras escritas a 18/Março/2010)